segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O livro

Publicar um livro não implica que ele tenha alguma utilidade, que venha trazer algo de novo a alguma área do conhecimento ou que, no mínimo, seja divertido ou interessante. Concordo com Fonseca quando este refere que existem livros inúteis e estúpidos. Concordo igualmente com Ortega quando refere que há livros que, além de estúpidos e inúteis, podem também ser perniciosos. Ortega alerta também para uma certa tendência de “endeusar” os livros. Um livro não é necessariamente algo de bom em que se pode confiar cegamente. Um livro, genericamente, é um instrumento para transmitir informações e conhecimentos mas nada nos garante que os seus autores dominem os assuntos sobre os quais escrevem e a sua idoneidade. Há de facto publicações que por serem mal escritas, desinteressantes, erróneas, tendenciosas, etc., não trazem qualquer valor a uma colecção ou a quem as lê, pelo contrário, podem até induzir em erros e lapsos. Ainda que a estupidez ou inutilidade de um livro possa ser algo muito subjectivo e o que para alguns é inútil pode para outros ter muita utilidade, essa subjectividade desaparece perante muitas coisas que infelizmente, na minha opinião, se publicam. Não sendo possível evitar que surjam estas publicações, exige-se ao profissional de biblioteconomia uma selecção criteriosa para que as colecções fiquem livres desse tipo de publicações. É assim necessário que o bibliotecário esteja preparado para distinguir o útil do inútil para que a sua colecção seja uma referência e se mantenha livre de “más publicações”. Importa aqui também distinguir a utilidade objectiva e subjectiva das publicações, ou seja, há livros que são objectivamente inúteis mas há livros que são inúteis apenas em determinados contextos, podendo não ser indicados para uma determinada biblioteca “genérica”, por não terem procura ou interesse, e muito necessários a outra biblioteca de cariz mais especializado.

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