sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Bibliotecas vs Bibliotecas Digitais

A invenção e a posterior massificação da internet constituem ainda hoje uma revolução. A difusão da informação tornou-se mais rápida, mais acessível a todos e em maior quantidade. O surgimento de bibliotecas digitais, resultado da evolução técnica, acentuou ainda mais esta situação resultando em grande alteração dos meios disponíveis de aprendizagem, como vimos já anteriormente.
Após a invenção da escrita surgiram as primeiras bibliotecas e a partir deste ponto iniciou-se uma história cheia de mudanças. Na parte mais recente desta história, as bibliotecas digitais estão indissociavelmente ligadas à evolução tecnológica dos métodos de tratamento da informação e dos métodos de difusão desta.
A propósito da definição de biblioteca digital podem desde logo apresentar-se várias considerações. Biblioteca digital pode ser a simples digitalização das tradicionais colecções ou ser muito mais do que isso, ou seja, um conjunto de serviços de informação que vão além das colecções digitalizadas disponíveis em diferentes suportes técnicos, bem como o acesso em linha a outras fontes de informação ou bibliográficas. Pode-se ainda falar em bibliotecas virtuais. Neste caso a biblioteca aparece como algo sem infraestrutura física.
Bibliotecas digitais, virtuais ou electrónicas têm em comum o facto de facilitarem o acesso à informação, permitirem funcionamento 24 horas/dia, permitirem o acesso a distância e de vários utilizadores ao mesmo recurso em simultâneo.
As diferenças entre bibliotecas tradicionais e digitais são várias, começando logo pelo próprio conceito. Com as bibliotecas digitais deixou de se entender estes espaços como locais de armazenamento e catalogação de documentos em papel. Neste novo conceito de biblioteca, estamos perante um espaço com menos papel e com muitos outros suportes de informação, catálogos em linha, computadores e outras inovações tecnológicas onde o utilizador pode também chegar de forma remota.
O espaço físico é visto de outra forma, ou seja, a necessidade de espaço para arquivo do acervo da biblioteca é substituída pela necessidade de espaço para novas tecnologias, nomeadamente computadores, e automatismos.
Ao nível das colecções, face à interligação possível entre várias bibliotecas, o que contará, na realidade das bibliotecas virtuais, não será a quantidade mas sim as possibilidades de acesso oferecidas. Não justificará, nos dias de hoje e cada vez mais no futuro, que várias bibliotecas tenham acervos repetidos. Na minha opinião, esta situação vai conduzir à especialização das bibliotecas por temas.
O desenvolvimento das colecções terá de resolver as necessidades dos seus utilizadores de forma mais imediata, sob pena de outros serviços o fazerem primeiro. Também aqui me parece que a especialização desempenhará um papel importante. De que serve ter o mesmo acervo que outras bibliotecas? Será mais lógico cada biblioteca se especializar num ou mais temas e aumentar a sua colecção mais rapidamente.
Do ponto de vista dos profissionais as bibliotecas digitais apresentam uma série de novos desafios a começar pelo aumento de formatos de informação e pela dispersão que estes apresentam. O trabalho dos profissionais no acervo deixa de ser local passando estes a necessitar de conhecimentos que lhes permitam localizar e disponibilizar a informação.
Do ponto de vista dos utilizadores as bibliotecas digitais apresentam grandes vantagens relativamente às bibliotecas tradicionais. Desde logo a possibilidade de consulta do acervo de forma remota. A deslocação ao espaço físico deixa de ser obrigatória, permitindo também a consulta de documentos de virtualmente qualquer biblioteca, independentemente da sua localização geográfica.
A catalogação nas bibliotecas digitais é também feita de forma a facilitar a procura do utilizador, ou seja, a procura é mais objectiva graças à utilização de interfaces mais eficientes. De referir também que deixa de existir limite à consulta de um documento, ou seja, tratando-se de um documento digital, o acesso é possível a mais do que um utilizador em simultâneo    
De referir ainda a possibilidade de consulta sem limitação a um determinado espaço físico, ou seja, pesquisa-se num “universo global” de bibliotecas com inúmeras possibilidades de resultados.
A criação, ou melhor, a evolução de uma biblioteca convencional para uma biblioteca digital pode ser condicionada por factores físicos. A esmagadora maioria dos actuais edifícios de bibliotecas não está preparado para receber os equipamentos necessários para operacionalizar uma biblioteca digital, sendo necessárias intervenções importantes.
A preservação é apresentada como outra dificuldade das bibliotecas digitais quer pela relativamente curta durabilidade dos suportes de armazenamento da informação quer pela constante evolução dos sistemas informáticos que rapidamente desactualizam os existentes.
A questão dos direitos de autor ganha grande importância nas bibliotecas digitais. Como impedir a generalização das cópias e como garantir a integridade das obras é um problema que se coloca às bibliotecas digitais e que continua sem resposta capaz.
A redução de custos não tem necessariamente que ser considerada uma limitação. Hoje em dia é possível aumentar o acervo de uma biblioteca sem custos, nomeadamente através da partilha de informação com outras bibliotecas. Antigamente as bibliotecas cresciam através da compra de novas publicações. Hoje em dia tal não é necessário. Por exemplo, as bibliotecas podem acordar partilhar entre si as novas aquisições, dividindo as despesas e, no final, dispondo todos das obras digitais nas respectivas colecções, ou, partilhando e complementando os seus acervos.
Por outro lado convém mencionar que a tecnologia é cara e como já referi, a necessidade de actualização é constante. Desta forma, a redução de custos pode ser considerada uma dificuldade.

Sem comentários:

Enviar um comentário