sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A Ditadura da Tecnologia

A internet constitui, ainda hoje, uma revolução a vários níveis. Com o seu aparecimento e posterior massificação, a difusão da informação tornou-se mais rápida, mais acessível a todos e em maior quantidade. O surgimento de bibliotecas digitais acentuou ainda mais esta situação resultando em grande alteração dos meios disponíveis de aprendizagem.
Se há alguns anos atrás os meios de divulgação da informação estavam restritos a certos sítios (universidades, bibliotecas, etc.), hoje em dia a informação está à distância de um clique, favorecendo quem aprende formalmente e profissionalmente e muito mais ainda quem aprende informalmente, sem grandes custos. São igualmente eliminadas as necessidades de deslocações.
Se há pouco tempo atrás nem todos tinham acesso à informação, hoje em dia ela está democratizada, tornando a aprendizagem igualmente mais democrática e acessível.
Estes factores permitem que o aprendente que antigamente se limitava à informação disponível, que poderia se escassa, tenha hoje em dia, por via da internet e das bibliotecas digitais, acesso a muito mais dados sobre determinado assunto.
No que diz respeito à difusão de novos trabalhos, fonte de novos saberes, estes são mais rapidamente difundidos, ficando à disposição de todos, permitindo uma rápida evolução das matérias.
Resumindo, as matérias tornam-se mais acessíveis ao aprendente que pode, desta forma, melhorar a qualidade do seu trabalho, diversificando as fontes de informação.
A grande diversificação das fontes de informação pode originar um excesso de informação, sendo por vezes difícil ao estudante distinguir o que é realmente importante do que é meramente acessório.
Por outro lado aquilo a que se chama a “ditadura” da tecnologia pode contribuir para criar clivagens entre quem tem e quem não tem acesso a tecnologia. Esta questão não me parece muito relevante até porque hoje em dia encontram-se muitos locais de acesso gratuito à internet que permitem a utilização de todos. Talvez aqui a questão seja a de dominar ou não dominar as tecnologias informáticas, situação que, na minha opinião, não fará sentido a curto prazo dado que a informática começa a ser ensinada desde muito cedo.
A grande questão decorre, na minha opinião, da passividade dos estudantes num modelo muito baseado na internet. Estes podem ver criadas novas dificuldades pela facilidade em excesso que pode levar a um desperdício de tempo sem aquisição de conhecimentos. 
Partindo desta democratização dos conhecimentos adquiridos de forma informal, auto-didacta, a acreditação desses conhecimentos coloca-se de forma muito expressiva.
Pode definir-se acreditação como sendo a avalização formal de conhecimentos adquiridos por via informal. Este reconhecimento obedece a critérios objectivos e previamente definidos.
Um exemplo de acreditação é o exame ad hoc de acesso ao ensino superior. O referido exame reconhece competência para a frequência de ensino superior a pessoas que não estão formalmente habilitadas mas que de alguma forma adquiriram conhecimentos para tal.
O número de aprendentes informais aumenta na proporção da informação disponível e coloca-se o problema da não existência de entidades acreditadoras. Existem na nossa sociedade entidades que reconhecem competências adquiridas pela experiencia mas no que toca a conhecimentos adquiridos por aprendizagem informal, não há entidades acreditadoras.
Vou aqui referir um exemplo que me parece de certa forma caricato: a Wikiversidade. Esta instituição virtual fornece na internet curricula de cursos superiores de todas as áreas, com planos de estudo e tudo mais que uma universidade formal fornece, à excepção de aulas e avaliação, sem as quais não há grau académico.
A semelhança deste caso, muitos outros sites fornecem informação, acessível a todos, que depois não avaliam. Nesta situação prevê-se que no futuro surjam entidades que acreditem os conhecimentos adquiridos informalmente. As universidades formais podem vir a assumir esse papel. O mercado de trabalho poderá também vir a desempenhar esse papel embora, na minha opinião, as empresas não estejam preparadas para abdicar dos diplomas dos seus colaboradores ainda que estes tenham as competências necessárias.
Voltando à questão da “tirania” ou “ditadura” da tecnologia, considero que no ensino formal e profissional esta questão não se coloca hoje em dia.
Julgo que todos os estabelecimentos de ensino, do básico ao superior, estão actualmente dotados de tecnologia de internet que permite aproveitar todos os recursos disponíveis.
A nível particular e ao nível da aprendizagem informal podem existir situações de difícil acesso particular a tecnologias, no entanto, existem várias possibilidades de acesso público gratuito a tecnologias e equipamentos que colmatam eventuais dificuldades pessoais.
A questão coloca-se fortemente a nível internacional, ou seja, países em vias de desenvolvimento ficarão limitados nesta corrida, agravando o já grande fosso entre os países industrializados e países do terceiro mundo.

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