terça-feira, 21 de junho de 2011

Uma biblioteca no futuro

Um edifício para uma biblioteca terá sempre que ser idealizado tendo em consideração o conceito subjacente à própria biblioteca, ou seja, daquilo que se pretende que seja uma biblioteca. Estou convicto que as funções básicas de uma biblioteca não deverão mudar muito continuando a ter funções educativas, culturais, recreativas e informacionais, sem grandes mudanças no paradigma.
O ano 2025 está a menos de década e meia de distância, não sendo propriamente um período muito longo. Sabemos contudo que apesar disso muito pode acontecer em cerca de 15 anos.
Actualmente os edifícios são já pensados e construídos para que a sua utilização seja o mais confortável, segura e racional possível. No futuro sê-lo-ão ainda mais.
No futuro os edifícios das bibliotecas terão controlo automático da temperatura ambiente, controlo automático da humidade e qualidade do ar. Todos estes factores são essenciais não só para o conforto dos utilizadores como do ponto de vista da preservação do fundo documental. Todas estas situações são já controladas não o sendo contudo de forma automática. A automação trará muitas vantagens ao nível da eficácia dos sistemas e da redução do consumo energético.    
A iluminação dos edifícios deverá ser inteligente, ligando-se automaticamente nos locais onde é necessária, com a intensidade necessária e desligando-se logo que deixe de ser necessária. Para que a iluminação artificial seja utilizada o menos possível, os edifícios serão pensados para aproveitar ao máximo a luz natural.
As estruturas serão pensadas para ter facilidade de utilização, flexibilidade e adaptabilidade. Referindo-me mais concretamente aos dois últimos factores, a sua aplicação poderá permitir alguma redução de custos dado os edifícios poderem ser de menores dimensões. Neste caso seriam constituídos por espaços flexíveis, adaptáveis a situações excepcionais. Concretamente, será necessário uma biblioteca dispor de uma sala onde realiza apenas algumas actividades, estando essa sala sem utilização durante grande parte do tempo?
Pessoalmente estou convicto de que as bibliotecas avançarão para a digitalização dos seus documentos e para a sua disponibilização em linha. Este avanço, que de resto já acontece em algumas situações, permitirá aos utilizadores a consulta dos documentos a partir de locais fora da biblioteca ou a sua consulta em computadores da própria biblioteca ou, futuramente, em dispositivos tipo Kindle, para a leitura de periódicos. Esta situação pode apresentar algumas vantagens do ponto de vista da preservação dos documentos uma vez que deixariam de estar acessíveis aos utilizadores, evitando-se alguma degradação.
Para que esta situação possa ser real e passível de concretização é necessário que o edifício esteja preparado e dotado de redes de comunicação e informáticas que permitam uma utilização fiável.
Do ponto de vista dos terminais de computador, estes na prática não serão computadores autónomos, sendo apenas terminais de um computador central, facilitando a manutenção. Os utilizadores terão acesso a um ecrã táctil que está embutido nas mesas, não sendo necessário teclado ou rato para a sua utilização. Desta forma, com os ecrãs baixados, as mesas poderão ser utilizadas para outros fins.
Mediante a identificação do utilizador, o software apresenta todas as estatísticas do leitor e dará mesmo sugestões de leitura. No caso da leitura de notícias, o computador dará ao utilizador as noticias já seleccionadas de acordo com as suas preferências.
Desta forma o edifício poderá mesmo ser pensado de forma a não existirem documentos no circuito do utilizador, estando todos acessíveis no circuito informático.
Na minha opinião, independentemente de todos os avanços tecnológicos que possam vir a acontecer, uma biblioteca deverá sempre ser um espaço de convívio e troca de ideias. Todas as bibliotecas públicas deveriam ter um espaço informal onde os utilizadores pudessem trocar ideias, realizando mesas-redondas, tertúlias ou simples trocas de ideias, seja de forma organizada, seja de forma espontânea. Assim, vejo com bons olhos que no futuro uma biblioteca possa ter um bar ou mesmo um restaurante.
É difícil fazer futurologia, tanto mais quando se trata de uma área que tem mudado muito. Contudo, cada vez mais, é necessário aproximar as bibliotecas dos seus utilizadores e captar mais utilizadores. O próprio edifício pode ser determinante para que isto aconteça. Seja qual for o caminho escolhido, tudo deverá ser feito para que cada vez mais pessoas recorram às bibliotecas.          

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